
Ele, o início de uma revolução musical no país, cuja base nordestina foi cosmopolizada pelos grandes centros, protagonizou, assim como na literatura de Guimarães Rosa e Graciliano Ramos, a abertura dos olhos do mundo para a riqueza cultural do Brasil.
Filho de humildes trabalhadores da zona rural, o albino Hermeto Pascoal foi polpado do trabalho sob o sol. Desde então, um prodígio autodidata, Hermeto passou a se dedicar à pratica do acordeão, a sanfona tocada por seu pai. Aos doze anos, Hermeto já ajudava a família tocando em bailes e eventos locais, com a companhia de seu irmão mais velho José Neto.
Com pouca visão e uma audição apurada, o nordestino interessou-se por muitos dos instrumentos com os quais tinha contato nas noites de trabalho. Em pouco tempo já dominava, além do acordeão, piano, pandeiro, flauta, contrabaixo, triângulo, sapatos, barras de ferro, cadeiras, som de animais, percussão corporal. Hermeto, que desde pequeno deslumbrava os sons da natureza, foi de Lagoa da Canoa a Recife, de Recife ao Rio de Janeiro, do Rio a São Paulo e de São Paulo direto para o mundo. Fez-se conhecido como um revolucionário músico da tradição popular nordestina do Brasil. Mesclou o regionalismo nordestino com o samba, o choro e o jazz, agregando à sua música o caráter peculiar da identidade nacional, vinculada às múltiplas facetas e possibilidades musicais da natureza.
Muito mais do que uma nova visão conferida ao ouvir a miscigenação da cultura brasileira, a obra de Hermeto condiz com a atribuição do belo em virtude do humano.
Somente depois de 40 anos de reconhecimento nacional e internacional, - aliás uma referência muito mais arraigada no exterior do que no próprio Brasil - o multinstrumentista experimentou estudar na teoria o que ele próprio já ensinava aos músicos acadêmicos na prática. Desde então faz uso da teoria musical e não permite que ela o utilize e o aprisione.
Hermeto "bateu asas do sertão" e, em um perfeccionismo reatado pela busca da diversidade sonora, ressalta, cada dia mais, o encontro da arte com a cognição sensitiva de um homem.
Oi Ana! Muito bom seu post sobre o Hermeto, ele é foda! Vou te seguir, me segue? Bjs
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