sábado, 25 de dezembro de 2010

O protocolo das controvérsias

Cada vez mais empetecado e oportuno, o mês de dezembro, gradativamente, vai sendo colorido. Os primeiros rajados de cores surgem tímidos, logo na primeira semana do mês com diversas propagandas cinematográficas sobre a chegada das festividades de despedida do ano. Iniciam-se os preparativos para a montagem do set. Chuva de imagens felizes, chuva de cores e brilhos, chuva de luzes na cidade. O vermelho vai tinindo, tênue e progressivamente, até despontar e explodir nos pisca-piscas de árvores mortas e artificiais, nas casas, que, outrora, estavam desabitadas de luz.
A escala cromática do mês de dezembro evoca o espírito natalino. Imediatamente ele se impregna e se incorpora nas mais rentáveis formas de felicidade.  O comércio se esbanja com as regalias da vontade de fazer o outro feliz. Os mais inusitados sonhos são caçados, apreendidos e logo se extinguem quando comprados e presenteados.

De repente surge uma súbita ânsia e um estratosférico desejo de fazer o bem. Uma corrente é formada em prol da solidariedade e das boas ações. A tentativa social é de fazer jus à paz e à harmonia, trazidas miticamente por essa energia do mês de dezembro. E no decorrer do ano, nada de boas ações, tampouco campanhas fraternas. O que impera é o sagaz jeitinho brasileiro da Lei de Gérson, em que o “importante é levar vantagem em tudo, certo?”.
Chega o dia do natal. Os daltônicos não vêem as cores importadas que representam esse período festivo, mas, com toda certeza, sentem a áurea oblíqua e dissimulada do espírito natalino. O bom velhinho esconde-se atrás da barba branca para escolher a dedo quem será presenteado. Afinal quem não tem dinheiro não merece presentes, certo?!
Nas rádios só se ouve as noites felizes na voz de Ivan Lins, além de outras regravações natalinas de BB King, Ramones, Simone, James Brown, Sinatra e muitos outros. O clima mágico do natal contagia e até promove uma vã e única noite feliz para muitas famílias que, uma só vez do ano, se encontram para não quebrar o protocolo social do dia 25 de dezembro.
Ahhh, o Natal! Com carinho e afeto, vamos ao filme do natal. Luz, câmera, ação!

2 comentários:

  1. ana hell!...
    ficou muito bom seu texto!...
    ja te admirava como amigo.. agora, com certeza, como escritora!
    acredito em vc!
    sucesso!
    matheus borges
    :*

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  2. um dos seus melhores (tirando a hostilidade) hahaahhaahha, mas eu adorei, ironico, agressivo na medida, muito claro, muito amarradinho, redondinho! Jordana

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