
As célebres análises machadianas, o socialismo científico de Marx e Engels, as almas aprisonadas de Clarice Linspector e os neologismos de Guimarães Rosa são pequenos perto da obra do Dono do Mar, condecorado membro da política Academia Brasileira de Letras. Como se não bastasse a posse do mar, referenciada pelo título do romance sarnesco escrito em 1995, o Acadêmico detém também o domínio feudalizado do Mar-anhão.
Não só no nordeste do Brasil surgem peripécias que inspiram atrevidas aventuras literárias. Em Brasília, região Centro-Oeste do país, o Senado Federal congrega um amplo espaço que incita o imaginário literário de quem por lá vaga. Como em um ritual da antropofagia brasileira, lá surgem enredos que se deglutem e se revertem em produtos finais. Dos vários gêneros propícios desses produtos, surgem o drama social, o suspense inflacionário, a comédia da incompetência, o romance partidário e, com difamações e tabefes nas sessões plenárias, temos até um pouco do gênero ação.
Os traços culturais do Brasil apresentam-se de forma demasiada em Brasília, sede do âmbito político do país. Comparadas às centenas de histórias literárias que o Senado pode nos render, o cenário político nacional pode ofertar-nos muitas das nossas frutas tropicais.
O picadeiro frutífero da política brasileira oferece-nos o limão e seu vertiginoso azedume, muitas bananas, especialmente oferecidas aos brasileiros, e, com grande freqüência, muitas laranjas, grandes e suculentas. Como em uma feira de livre concorrência, as laranjas, gordas e apetitosas, nos saem caras com precedentes concisos de corrupção em sua forma genuinamente gersoniana e, em contrapartida, as bananas, nos são oferecidas com cheiro de podridão.

Comicamente, além de bananas, ganhamos de brinde, muita sarna para nos coçar, fruto das nossas escolhas suprimidas pela ânsia incessante de nos enquadrarmos na tão citada lei de Gérson.
Em pleno século XXI, ainda vivemos na era dos dinossauros dos recantos de Brasília, que se espalham por todo o Brasil. Dos longínquos tempos da ditadura militar de 1964, ainda temos vestígios das sacadas grandiosas dos políticos de cabeça branca, cujos fios foram, gradativamente, consumidos pela experiência do tempo e pela prática de levar vantagem em tudo.
Abacaxis não fazem parte da preferência dos jurássicos. Mais uma fruta para nós, os consumidores de bananas. Não descascamos e não devoramos as bananas, mas descascamos e lidamos – e muito! - com os abacaxis. Somente o frescor das laranjas deve continuar a atiçar o olfato e o paladar dos dinossauros nos próximos dois anos de Presidência do Senado Federal.
Haja sarna para coçar!
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